À CPI, diretoria da Águas Cuiabá não esclareceu obras mal feitas nas ruas, falhas na distribuição e baixa de 63% na coleta e tratamento do esgoto

Em depoimento à CPI da Águas Cuiabá, o diretor-geral da empresa William Figueiredo admitiu a defasagem no tratamento dos resíduos

Em oitiva ontem (18), à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Águas Cuiabá, o diretor-geral da concessionária, William Figueiredo, deixou claro que apenas 63% do esgoto de Cuiabá é coletado e tratado. Ele admitiu a defasagem no tratamento dos resíduos, mas prometeu atingir a meta da empresa numa totalidade de 91% para a qualidade dos serviços prestados na capital mato-grossense. Além disso, não esclareceu obras mal feitas nas ruas, falhas na distribuição e denúncias de produtos cancerígenas na água consumida pela população.

“O esgoto é cobrado de quem possui rede coletora 90%. A cobrança segue exatamente o que está no contrato, para manter os investimentos. Cabe a concessionária cumprir o que estabelece o contrato”, explicou Figueiredo. De acordo com ele, a meta é chegar em dezembro de 2024 com 91% do esgoto coletado e tratado.

O presidente da CPI, vereador Diego Guimarães (Republicanos) explica que um dos objetos da CPI, que é buscar da empresa um plano de ação para arrumar as obras mal feitas no nosso município, não foi apresentado. Willian explicou que dos 130 quilômetros de obras feitas pela concessionária, 10% sofreram recalque, fenômeno que ocorre quando uma parte da estrutura fica mais rebaixada que a outra, podendo haver ou não uma distorção angular. Portanto, essa condição resulta em esforços estruturais não previstos, o que pode culminar na ruína da obra, em casos extremos.

Questionado sobre o plano de repavimentação, o diretor disse que vai encaminhar por escrito para a CPI. “Buscamos de todas as formas trazer técnicas de engenharia para suprir as demandas. O ano de 2021 teve um grande número de investimento, mas o volume da chuva foi maior”, disse William Figueiredo.

Diego Guimarães ressalta que muitas perguntas não foram respondidas e que o diretor pode ser reconvocado. “Ele não soube dizer quanto de multas foram aplicadas na empresa, não soube dizer sobre o plano de ação, não soube dizer a quantidade de esgoto in natura que vai para os rios e córregos. Caso não seja respondido por escrito, eles podem ser reconvocados. Apresentou um slide de 88 páginas, mas apenas oito falavam do objeto da CPI. Percebe-se que nem todo esgoto coletado é tratado. Ou seja, o cidadão paga para ser coletado e tratado o esgoto e não é feito”, ressaltou Guimarães.

A CPI solicitou ao diretor o plano de investimento na rede de esgoto, mapa da rede de esgoto que está sendo implantada na Capital, entre outros documentos.

Água com elementos cancerígenos – De acordo com dados do Mapa da Água, na Capital do Estado foi encontrada na água consumida pelos cuiabanos, o Nitrato, a informação também é investigada pela CPI. A substância é classificada como cancerígena para humanos, conforme a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC), órgão da Organização Mundial da Saúde. Airlon Medeiros, coordenador de produção de água da concessionária, afirmou que a substância foi encontrada em duas amostras de águas que não foram entregues para a população. “A população precisa ficar tranquila, foram duas amostras e a água desses poços não foram distribuídas. Todos esses poços foram desativados e nas análises que temos das águas destruídas os valores foram muito baixos, quase inexistentes”.