Delegações diplomáticas de dez países e da União Europeia conheceram técnicas de produção agropecuária de intensificação sustentável e baixa emissão de carbono em visita realizada à Embrapa Agrossilvipastoril (Sinop-MT) na última quinta-feira. Eles fizeram parte do programa de intercâmbio Agro Brazil, promovido pela Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e pela Federação de Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato).
O grupo, formado por três embaixadores, uma chefe de missão, três adidos agrícolas, entre outros cargos diplomáticos, conheceu o trabalho de pesquisa agropecuária desenvolvido pela Embrapa em Mato Grosso e viu no campo a utilização de técnicas como a integração lavoura-pecuária (ILP), integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), restauração de ecossistemas, sistemas agroflorestais e produção de palma de óleo (dendê).
Pesquisadores da Embrapa mostraram como os sistemas integrados de produção agropecuária podem garantir a produção de grãos, carne, leite, madeira com menor balanço de emissões de gases de efeito estufa, com melhor conforto térmico para o animal, maior produtividade por hectare e preservando recursos como solo e água.
A área de utilização desses sistemas em Mato Grosso está em expansão. Levantamento feito via sensoriamento remoto mostrou que de 2013 para 2019 a área com sistemas ILP passou de 1,1 milhão de hectares para 2,6 milhões de hectares no estado.
A adida agrícola da Espanha Maria Elisa Barahona Nieto estava ansiosa para conhecer os sistemas ILPF. Ela já havia ouvido a ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina falar sobre essa tecnologia e de como ela é um trunfo do Brasil para reduzir as emissões de gases de efeito estufa ao mesmo tempo em que aumenta sua produtividade.
“Espero que os produtores rurais possam aumentar a produtividade de suas fazendas sem necessidade de ampliar para outras terras. O Brasil está aumentando a produtividade graças à tecnologia e isso eu acho que é muito importante transmitir ao mundo”, disse a espanhola.
Vindo de um país pequeno em extensão territorial, o embaixador da Coreia do Sul Ki-Mo Lim ficou impressionado com o tamanho do setor agropecuário em Mato Grosso e com o desenvolvimento baseado em ciência.
“É muito maior do que o que eu pensava. É enorme. Não é só agricultura. É agricultura baseada em ciência, mecanização e, o mais importante, é um desenvolvimento sustentável, de forma ambientalmente amigável. Estão fazendo um grande esforço há muito tempo. Tudo isso leva ao sucesso. Eu acredito que a Embrapa tem que continuar sua contribuição para manter a produção sustentável e ajudando a combater a mudança do clima”, disse o embaixador coreano.
Além de Coreia do Sul e Espanha, participaram da visita representantes da Alemanha, Austrália, Estados Unidos, Índia, Indonésia, Malásia, Países Baixos, Singapura e União Europeia. Também acompanharam o grupo membros da CNA e Famato e jornalistas convidados.
Para a chefe-geral da Embrapa Agrossilvipastoril, Laurimar Vendrusculo, a visita foi uma grande oportunidade para os diplomatas conhecerem a dinâmica da produção agropecuária de Mato Grosso e para ajudar a desfazer mitos e falhas de comunicação sobre o sistema produtivo. Além disso, possibilitou a abertura de canais para possíveis acordos de cooperação técnica entre a Embrapa e instituições desses países, além de promover o intercâmbio de pessoas e de conhecimento.
“O interesse deles foi muito grande e nós enxergamos várias oportunidades aí. Vários embaixadores e adidos agrícolas expressaram interesse em fazer intercâmbios de profissionais, não só professores, pesquisadores e alunos, mas também produtores, para vivenciar um pouco da nossa realidade em Mato Grosso. Até porque eles são grandes consumidores de nossos produtos. Então essa interação foi um marcante resultado dessa visita”, analisa Laurimar Vendrusculo.