É considerada crítica a situação dos quase 300 funcionários demitidos pela usina de álcool de cana-de-açúcar do Grupo Porto Seguro, em Jaciara. Pautado pelas cobranças que têm recebido nos últimos meses, o deputado Max Russi (PSB) novamente expôs o drama vivido pelos trabalhadores, que estão sem receber suas rescisões trabalhistas. Russi fez um apelo às autoridades judiciárias de Mato Grosso, durante a sessão plenária de quarta-feira (29) na Assembleia Legislativa.
“Quero um documento dessa Casa de Leis ao Ministério Público do Trabalho. O Ministério Público do Trabalho tem que atuar nesta questão. Tem que defender aqueles trabalhadores, assim como a Assembleia o está fazendo”, disparou o deputado.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Fabricação de Álcool de Jaciara e Região, Isaías Gomes de Souza, disse ao parlamentar que a empresa não cumpriu com o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), firmado com o Ministério Público de Rondonópolis, após a demissão em massa.
Segundo Gomes, a usina se comprometeu em realizar o pagamento rescisório dos primeiros 288 colaboradores, desligados sem aviso prévio no dia 30 de janeiro do ano passado. Ele explicou que, conforme o acordo, os acertos seriam liquidados em 10 vezes, com a primeira parcela programada para ser paga no dia 25 de fevereiro.
“A primeira parcela já foi paga com atraso, parcelada em 4 vezes dentro do mês. Já as outras a usina alegou que não tem condições de pagar e agora são mais de 350 funcionários que estão sem receber, pois os trabalhadores continuam sendo demitidos. As pessoas que ainda estão trabalhando lá receberam apenas uma pequena parcela em janeiro e até agora mais nada. Tem gente vivendo de cesta básica e trabalhadores passando fome em casa”, ilustrou.
Isaias disse ainda que os sindicatos têm sofrido uma verdadeira humilhação por parte dos gestores da indústria. “Organizamos comissões para fazer essas cobranças e fomos até a sede da usina. Eles não nos recebem, nem aos trabalhadores, sindicatos e nem apresentam alguma resposta aos ofícios do Ministério Público. Chegaram a chamar a polícia para nos oprimir e até mesmo contrataram guarda-armada. Eles estão abusando da gente”, desabafou.
O mecânico industrial Vivaldo Vieira dos Santos (49) foi funcionário da usina por dois anos e meio e faz parte dos que estão sendo prejudicados com o não cumprimento do TAC. Ele confirma que os problemas com os atrasos salariais têm sido recorrentes. “Eles sempre atrasam os salários, mas fomos pegos de surpresa com a demissão em massa”, complementou.
Em menos de um mês, já é a segunda vez que o deputado Max Russi faz o apelo às autoridades, para que providências sejam tomadas quanto à situação. O parlamentar exigiu a participação efetiva do Ministério Público do Estado (MPE) nas tratativas, assim como a intervenção do Executivo estadual.
“É lamentável o que acontece com o trabalhador da usina no município de Jaciara. Precisamos de uma ação rápida e imediata, no momento de Covid-19, pois já tivemos casos no município de Jaciara e os trabalhadores nessa angústia, nessa agonia, nessa incerteza e sem nenhuma solução. Falta a justiça atuar e defender esses trabalhadores”, cobrou.