Declarações do Comitê Olímpico Internacional e do governo do Japão criam impasse sobre quem bancará os cerca de R$ 14 bilhões extras em razão do adiamento das Olimpíadas para 2021
Quem paga a conta do adiamento? Essa pergunta criou uma confusão entre o COI (Comitê Olímpico Internacional) e o governo do Japão. O impasse sobre quem arcará com os custos adicionais dos Jogos Olímpicos de Tóquio adiados para 2021 começou na declaração do COI, que afirmou que o primeiro-ministro japonês Shinzo Abe se comprometeu a cobrir a quantia, enquanto o principal porta-voz do governo negou qualquer acordo.
Em uma publicação com perguntas e respostas sobre as Olimpíadas, em seu site, nesta segunda-feira, o COI disse que Abe “concordou que o Japão continuará a cobrir os custos que teria feito nos termos do acordo existente para 2020, e o COI continuará sendo responsável por sua parte nos custos. Para o COI, já está claro que isso equivale a várias centenas de milhões de dólares em custos adicionais”, afirma o texto. O trecho foi retirado após gerar polêmica, mas ainda não houve um pronunciamento oficial do comitê.
O adiamento está previsto para adicionar aproximadamente 300 bilhões de ienes (R$ 14 bilhões) ao custo dos Jogos. O secretário-chefe do gabinete japonês, Yoshihide Suga, contestou nesta terça-feira a declaração do COI, dizendo que Abe não concordou que o Japão arcará com quaisquer custos adicionais.
– Não existe tal acordo – disse Suga a repórteres durante seu briefing diário em Tóquio.
O governador de Tóquio, Yuriko Koike, também comentou.
– Estamos analisando como o governo japonês, o governo metropolitano de Tóquio e os organizadores lidarão com o custo adicional – afirmou Koike.
O contrato da cidade anfitriã foi assinado pelo COI, pelo Governo Metropolitano de Tóquio e pelo Comitê Olímpico Japonês após a escolha de Tóquio em 7 de setembro de 2013. Abe anunciou em 24 de março que os Jogos de Tóquio seriam adiados devido à pandemia do Covid-19. As Olimpíadas serão realizadas de 23 de julho a 8 de agosto do próximo ano, com os Jogos Paralímpicos entre 24 de agosto e 5 de setembro.
O comitê organizador de Tóquio 2020 disse que trabalhará para garantir que os ingressos comprados para as Olimpíadas e Paralimpíadas permaneçam válidos para os Jogos remarcados no próximo ano e que os portadores de ingressos que não puderem participar em 2021 serão reembolsados.
Em referência a um possível adiamento para além de 2021, o COI disse que “os parceiros japoneses e o primeiro-ministro deixaram muito claro que o Japão não poderia administrar um adiamento para além do próximo verão”. O adiamento, segundo o COI, é um “gigantesco empreendimento” para os organizadores e o país, incluindo a segurança da Vila Olímpica e dos locais esportivos, e envolve todos os parceiros, patrocinadores e organizadores regionais e locais.
– O adiamento envolverá restrições e compromissos por parte de todos os envolvidos. Não existe um plano para adiamento, mas o COI está muito confiante de que todas as partes complexas se unirão e nos darão jogos maravilhosos.
O COI também disse que cerca de 57% dos processos de qualificação foram garantidos e que uma Força-Tarefa de Qualificação alterou o processo de seletivas olímpicas, permitindo uma extensão do prazo do período de classificação para os Jogos de Tóquio.
FONTE: https://globoesporte.globo.com/olimpiadas/coronavirus/noticia/coi-e-japao-nao-se-entendem-sobre-quem-paga-a-conta-do-adiamento-das-olimpiadas.ghtml