O número de eleitores indecisos nas eleições de 2018 pra presidente da República, governadores e senadores em todos os estados brasileiros, oscila entre 40 e 65%. Pra deputados sempre foi altíssima. Em alguns casos chega a 80%. Aqui estão os que afirmam que não votarão e os que não sabem em quem votarão. A tradução é muito complexa e desafia mais do a ninguém a dois atores: os candidatos e os institutos de pesquisa. Pra não falar nos perdidos partidos políticos, hoje meras siglas paradas no tempo.
Aqui vale considerar o já conhecido desgaste dos políticos frente aos eleitores. Os marqueteiros não sabem como lidar com um eleitor desatento que chega aos 65%. Os institutos de pesquisa estão apanhando muito. Não conseguiram captar nada além de que existe um altíssimo número de indecisos. Não sabem que são os indecisos. Não tem sequer pistas do sexo, da classe social, do grau de instrução e nem se são rurais ou urbanos. Com isso a orientação do marketing político pros candidatos e pras campanhas foi um mero exercício de “achismos”.
A lógica ensina que ao primeiro sinal de alerta do número absurdo de indecisos a eleição estaria comprometida. Logo, as pesquisas mudariam de direção procurando compreender quem é essa enorme massa de eleitores indecisos à margem da eleição. Parece ter prevalecido a ganância dos institutos. Ganhar dinheiro e manter prestígio no meio da tempestade. A cada pesquisa mais o eleitor fica confuso!
Cada indeciso tem as suas razões. Cada um que não votará também. Quais os pontos em comum entre ambos? Em 2016 deixaram de votar 29 milhões de eleitores. Nem isso acendeu a luz nos partidos, nas cúpulas das candidaturas e nem nos institutos de pesquisa. Sem falar nas assessorias caríssimas de marketing político.
O que se tem na verdade é que algo como apenas 40% dos eleitores indicaram os dados de preferência eleitoral divulgados. Pouco representam diante da massa de 100%. Num país politicamente complicado como está o Brasil, os próximos eleitos representarão pouco além de si mesmos. Não será de se estranhar que a atual crise política tome cores mais fortes e mais duras nos próximos anos até que se conheça de fato quem é o cidadão e quem é o eleitor brasileiro. Até lá o grito vai continuar silencioso!
*Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso.