A cada dia que passa fica mais clara a situação do Brasil. Após pelo menos quatro décadas de hegemonia cultural esquerdista, muitos brasileiros estão com suas mentes na prisão ideológica socialista.
Seguindo a revolução gramsciana, primeiro tomaram as universidades, para depois invadir as redações, o mercado editorial e a estrutura do Estado, em todos os poderes.
A Constituição de 88 foi a primeira grande vitória da esquerda nacional e pavimentou o caminho para o crescimento tumoral do Estado, que funciona muito bem como gerador de privilégios aqueles que o orbitam, bancados pelo suor do povo que realmente trabalha e cria valor.
Com esse arranjo, a corrupção sem freios e o colapso moral e econômico já era uma certeza, confirmada nos últimos anos. Thatcher alertava que o socialismo acaba sempre que o dinheiro dos outros chega ao fim. Chegamos nesse ponto em 2014, depois de anos da bonança produzida artificialmente no “milagre” lulista.
O PT e seus aliados aproveitaram a situação a bonança artificial para seguir com o seu projeto bolivariano, abortado pela conjunção de fatores quase milagrosos: uma investigação policial conduzida por um juiz incorruptível e apoiada por um público indignado com a crise. A Lava Jato é apenas uma pequena amostra do grau de corrupção da nossa elite, que vai muito além do desvio de recursos financeiros. E a corrupção da inteligência, como bem colocou Flávio Gordon em seu livro com esse título.
Uma parte da sociedade acordou e conseguiu cortar a cabeça da Hidra, o que serviu apenas para mostrar o nascimento de várias outras. A militância fomentada nas décadas da hegemonia mostraram a sua resiliência: Lula teria sido condenado “sem provas”, mesmo com as milhares de provas contra ele. Dilma teria sofrido um “golpe”, apesar da destruição do país ter atingido todo brasileiro. A culpa pela crise foi jogada nas costas de Temer, o aliado do PT desde sempre que apenas resolveu assumir o poder quando o percebeu que o impeachment não tinha mais volta. E apesar de ser claramente um integrante da quadrilha no poder, dadas as circunstâncias até que fez um bom governo, impedindo o colapso completo da economia.
Boa parte da defesa da quadrilha petista é motivada pela lavagem cerebral ideológica. Mas há também muitos interesses em jogo. Órgãos da imprensa estão louquinhas para ter de volta as gordas verbas publicitárias dos tempos petistas. Empresários corruptos querem a bolsa BNDES de volta. Funcionários públicos sem escrúpulos tem saudades dos aumentos muito acima das possibilidades do Estado. Políticos querem voltar a roubar sem ser incomodados. E uma parte do povo acredita na falácia de fazer os “ricos pagarem a conta da crise”, enxergando mais uma fase de crescimento das bolsas-esmola.
Como no velho mito grego, a Hidra precisa ser combatida com fogo e enterrada. Surgiu um capitão que pode ter muito defeitos, mas não o de ser morno. O fogo da Lei e da Ordem emana do capitão. Num mar de cinismo e falsidade, ele é genuíno e politicamente incorreto.
A esquerda, canalha como sempre, utiliza essa característica para manipular a sua sinceridade e transformá-la em prova de inépcia. Se ele fala que “fraquejou” ao ter uma filha, numa alegoria mais velha que o tempo, é chamado de misógino. Quando xinga uma deputada que defendia estupradores de uma menina brutalmente assassinada, passa a ser ele aquele que ataca as mulheres e não a deputada! Quando exprime de maneira tosca os malefícios gerados pela criação artificial de grupos oprimidos, como ocorre em boa parte dos quilombos, é chamado de racista. Ao criticar a ideologia de gênero e sexualização precoce das crianças, recebe a pecha de homofóbico. Quando joga luz sobre a manipulação da história, que trata militares como vilões completos e terroristas totalitários de esquerda como heróis, vira um “defensor da tortura”. Ao defender a luta dura contra o crime, é xingado de fascista, o mais batido termo da esquerda acéfala.
Com base nessas sensibilidades exageradas, formadores de opinião ingênuos ou canalhas querem fazer o público acreditar que Bolsonaro é mais perigoso para a democracia brasileira do que a quadrilha petista, aquela que já demonstrou não só a capacidade de saquear o país, mas o claro interesse de implementar uma ditadura ao estilo venezuelano, regime que já produziu a maior crise humanitária da história latino-americana. Se eles não conseguiram completar o trabalho durante os anos que estiveram na presidência, não foi por falta de vontade, apenas pela dificuldade maior de criar uma ditadura escancarada num país do tamanho e da complexidade do Brasil. E nesse ponto, sua maior falha foi não conseguir tomar o controle das Forças Armadas. Ou alguém acredita que o imepachment teria acontecido se o PT tivesse as Armas sob o seu controle?
E nesse caso, temos que fazer a pergunta: o que significa “estar no poder”? Seria a presidência da República um cargo que representaria “o poder”? Não. O poder é difuso, está disperso em diversas estruturas, dentro e fora do Estado. Nesse sentido, podemos afirmar que o PT nunca saiu do poder, ou melhor colocando, que a esquerda nunca saiu do poder.
Só para dar uma pequeno exemplo: o presidente do STF é um solado do PT, que chegou ao cúmulo de soltar num ato de ofício o seu chefe Zé Dirceu, além de outros petistas graúdos, em conluio com outros petistas no Supremo. O presidente do Congresso brasileiro é do MDB, mas anunciou mais de uma vez que se Lula concorresse, teria seu apoio, mesmo depois da prisão do sujeito. Na verdade, mais de 2/3 do Congresso está envolvido em casos de corrupção. Na imprensa, vemos um certo sentimento de culpa até em muitos jornalistas por terem feito minimamente o seu trabalho ao dar cobertura à Lava Jato. São os socialistas que acreditam na causa, mas na corrupção apenas dos envolvidos. Até mesmo membros do Ministério Público da própria operação Lava Jato são esquerdistas que estariam, na cabeça deles, apenas produzindo uma limpeza interna no projeto. Acreditam que um Estado grande, gerido por pessoas virtuosas seria a solução para o nosso problema, o que é absolutamente equivocado. É a própria concentração de poder que produz a corrupção, como nos alertava o Lord Acton.
Para escapar do mau cheiro provocado pelo petismo quadrilheiro, a esquerda limpinha se bandeou para outros partidos, ainda mais radicais, como o PSOL. Ou então foram para o utópico Rede. Para os antigos PDT ou PCdoB, ou então para o esquerdismo mascarado de isentismo do MDB ou do PSDB. O único partido que seria de direita com alguma representatividade, o DEM, toma o cuidado de assumir duas bandeiras esquerdistas para cada bandeira conservadora e assim não passar de “fascista”. Há o Novo, que até agora não entendeu que um partido não é administrado como uma empresa.
Para essa elite brasileira podre, Bolsonaro é inaceitável. Preferem apoiar a quadrilha petista, mesmo sabendo do seu grau de criminalidade, pois pela menos ela é ideologicamente compatível. Acreditam que podem continuar dando apenas “corretivos” ao projeto, lutando contra corrupções pontuais, mas mantendo o sonho por um “mundo mais justo”, que seira alcançado através do socialismo. Já Bolsonaro seria o “fascista” que colocaria a perder o nosso “patrimônio civilizatório”, cujo marco maior no Brasil são os 70 mil homicídios por ano e os tiroteios diários nas maiores cidades brasileiras, além das piores notas dos nossos alunos em testes internacionais o fato de sermos praticamente uma nulidade em produção científica e um fiasco em produtividade.
Esquecem esses “intelectuais” do que ocorreu na Venezuela. Lá, quando houve uma intervenção militar para tirar do poder Hugo Chávez, todos os “progressistas” defenderam a volta da “normalidade democrática”, movimento que contou com ajuda decisiva de FHC para devolver Chávez ao cargo. A própria “oposição democrática” venezuelana aplaudiu. Com a evolução do projeto bolivariano, uma boa parte daqueles que apoiaram Chávez viram suas redações ou empresas fechadas, foram perseguidos e presos, alguns torturados e mortos. O resto da história todo mundo já conhece, mas os “intelectuais” brasileiros novamente fazem de conta que o projeto socialista foi “traído”, assim como ocorreu na URSS, na China, em Cuba, no Vietnã, na Coréia do Norte, no Camboja e agora na Venezuela. Já os mais canalhas ainda defendem a ideia de que todos os problemas venezuelanos são causados pelos EUA e pela “especulação” empresarial. E no Brasil nem estamos falando em intervenção militar, mas sim uma mudança radical de rumo pelas vias democráticas.
Agora a imprensa em peso criou uma campanha para defender o PT de forma indireta, o “Ele Não”, uma peça publicitária para mascarar o apoio à quadrilha. Enquanto Bolsonaro é alvo de um ataque massivo da imprensa, que trabalha de forma mais clara do que nunca como uma mera extensão da esquerda, o candidato que representa o chefe da quadrilha não é apenas poupado, mas tratado como uma alternativa viável ao poder. A cobertura das últimas manifestações foi simplesmente vergonhosa, um crime contra o país. Enquanto a manifestação “Ele Não” foi anunciada e apoiada pela imprensa, com ampla cobertura, as centenas de manifestações espontâneas de apoio a Bolsonaro em todo o país foram simplesmente ignoradas pela mídia, tirando uma nota ou outra apresentada sem destaque.
Essa visão anti-bolsonaro é praticamente onipresente nos círculos de poder, dentro e fora do Estado. A sua vitória representaria uma derrota completa do establishment, produzindo inclusive a prisão de muitos dos seus integrantes. Não é por nada que chegaram ao ponto de tentar o seu assassinato.
Para o brasileiro de bem, talvez essa seja a última oportunidade em muito tempo de salvar o Brasil, pois de outra forma, creio que apenas o colapso completo poderá abrir a mente de boa parte da sociedade, ainda sob a escravidão invisível da esquerda. Mas nesse caso pode ser tarde demais, como os venezuelanos aprenderam da pior forma possível.
*Leandro Ruschel – Fundador do Grupo L&S. Especialista em investimentos. Apaixonado por filosofia e ciência política. Empreendedor. Admirador da excelência. Conservador.