Prefeito estuda tirar moradores de ruas do centro e rodoviária e orienta empresas a não darem comidas para eles
O prefeito Abílio Brunini (PL) avaliou a retirada dos moradores de rua, no entorno da rodoviária de Cuiabá e centro da cidade, numa ação que está prevista dentro de um projeto de atendimento social, que será apresentado e analisado pelo Ministério Público do Estado, para realocação das pessoas em vulnerabilidade para outros locais, como abrigos autorizados pelo município. Na mesma ação, o prefeito que esteve na manhã desta sexta-feira (1&, no Morro da Luz, Beco do Candeeiro e Contorno da Rodbviária, assegurou que vai acabar com a distribuição de comidas aos moradores de rua, por uma empresa contratada pela gestão anterior.
Sem critério de ordem na fila, muitos pegam duas marmitas e surgem pessoas que não são moradores de rua e que também furam a fila para pegar a comida, que foi servida com galinhada, feijão, arroz, purê de batatas e salada de alface e tomate.
Abílio esclareceu, que a prefeitura não vai aplicar multas aos grupos ou empresas que prestam serviços de solidariedade aos moradores de ruas, mas atentou para as normas vigentes na legislação de vigilância sanitária. De acordo com o projeto municipal, a princípio, a prefeitura fará reunião com as empresas para que elas passem a fornecer os alimentos em locais oficiais e de controle do município. “Daremos o apoio necessário para as empresas desempenharem suas funções, mas evitaremos que continuem dando comidas em vias públicas. As normas da vigilância sanitária não permitem a distribuição de marmitas nas ruas”, alertou o prefeito.
Conforme números do Caged, Cuiabá tem 3.110 pessoas morando nas ruas. Acompanhado do desembargador Orlando Perri do Tribunal de Justiça de Mato Grosso e representantes de órgãos filantrópicos, Abílio esteve conversando com a população de rua, que vive sob moradias improvisadas, ao lado do viaduto da rodoviária. “Não é necessário ser tão radical no caso de suspender alimentação e retirar as pessoas das ruas. Devemos fazer um estudo mais aprofundado sobre o assunto”, disse o desembargador Orlando Perri.
O professor do IFMT, Juliano Batista dos Santos também avaliou que a intensão da prefeitura deve ser aprimorada para não incorrer na injustiça contra aqueles que realmente dependem das ruas para viver. Juliano é um entusiasta do projeto Café Solidária, servido diariamente, na Praça da República, em frente à Igreja da Matriz e ao lado da prefeitura de Cuiabá. “Tirar as pessoas de um lugar para o outro é criar novos problemas sociais. Lar é a rede que me mantém nela, as ruas é o lar deles”, observou Juliano.
Ele orientou que a prefeitura e governo realizem parcerias com os projetos solidários para agilizar a identificação das pessoas de ruas, que querem ser reintegradas aos benefícios oferecidos pelo município, como lares, ofertas de serviços e empregos, capacitação profissional entre outros, e ao mesmo tempo, afastar o preconceito social com aqueles que desejam uma oportunidade de melhor as condições de vida. “O preconceito é o principal problema dessa situação de rua. Quem vai dar empregos para essas pessoas? ”, questionou Juliano.