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Foto: Victor  Ostetti/ Texto- Liz Brunetto- MidiaNEws

O neurocirurgião Giovani Mendes Ferreira representou Mato Grosso no 50º Encontro Anual da International Society for Pediatric Neurosurgery (ISPN), realizado de 13 a 17 de outubro passado em Toronto, no Canadá.

O congresso reuniu cerca de 650 neurocirurgiões de 80 nacionalidades para discutir avanços tecnológicos, novas terapias, abordagens inovadoras, além de proporcionar troca de experiências entre os profissionais.

“São muitos os assuntos abordados dentro da neurocirurgia pediátrica. Tratamos de tumores e traumas cranianos, doenças hereditárias, malformações intrauterinas, entre outros temas”, disse Giovani.

Segundo o profissional, entre as novas tendências estão tratamentos inovadores para tumores cerebrais, novos medicamentos, cirurgia intrauterina para correção de hidrocefalia e de distúrbios do fechamento do tubo neural, como mielomeningocele e espinha bífida.

Giovani explicou que, nos tratamentos tradicionais contra tumores, a abordagem inicial mais comum é a remoção cirúrgica, que anteriormente era mais extensa para possibilitar um diagnóstico anatomopatológico e, então, seguir com o tratamento oncológico.

“Hoje, isso está mudando. Em alguns casos, realiza-se uma biópsia para coletar material e, a partir dela, programar o tratamento oncológico com drogas mais eficientes”, explicou.

MT no nível de grandes centros

O especialista afirmou que o Brasil é referência no setor e que Mato Grosso está no mesmo nível. “A neurocirurgia brasileira é reconhecida pela sua qualidade técnica no mundo inteiro. E a neurocirurgia em Mato Grosso tem se desenvolvido muito nas últimas décadas, estando hoje no mesmo nível da melhor neurocirurgia praticada nos grandes centros”.

Segundo Giovani, essa qualidade se deve à dedicação dos profissionais, que estão sempre buscando melhorar a qualidade dos tratamentos, da assistência médica, dos procedimentos e da tecnologia, muitas vezes com investimento próprio.

Intercâmbio

Giovani retornou do Canadá com acordos de intercâmbio firmados com a Universidade de Toronto. “Receberemos neurocirurgiões em formação de lá, e enviaremos os nossos para lá. Haverá um intercâmbio de residentes”, afirmou.

“A formação deles é um pouco diferente da nossa. Por exemplo, aqui temos muito acesso ao paciente durante o processo de formação, e o residente participa mais das cirurgias. Lá, há menos trauma, quase não há casos de tiros na cabeça, quedas de moto, facadas, ou machadadas”, explica.

Essa troca, segundo o especialista, será essencial para que os residentes tenham contato com uma realidade completamente diferente.

Giovani é presidente da Sociedade de Neurocirurgia do Estado de Mato Grosso (SNMT) e coordenador da residência de neurocirurgia do Hospital Santa Rosa. Na Sociedade Brasileira de Neurocirurgia, atua na comissão de credenciamento de residência.

Esse novo processo facilita o direcionamento do tratamento com medicamentos e técnicas de radioterapia. “Às vezes, em vez de fazer radioterapia no crânio inteiro, aplica-se apenas na área da lesão, evitando danos ao tecido cerebral saudável”.

Segundo o especialista, crianças com menos de três anos não são submetidas à radioterapia em casos de tumores malignos, recebendo apenas quimioterapia, que também evoluiu nos últimos anos com base em estudos genéticos dos tumores.

O evento ocorre a cada ano em um país e continente diferentes. No próximo ano, o congresso deve acontecer na Europa.

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