Foto: ICMbio
A onda de incêndios que toma o país e torna o ar quase irrespirável pode estar mexendo com o ânimo da população no Centro-Oeste do país. Essa é uma das conclusões da última Pesquisa Bimestral RADAR FEBRABAN, que avalia a percepção e expectativa da sociedade sobre a vida, aspectos da economia e prioridades para o país. A pesquisa foi realizada entre os dias 9 e 15 de setembro com 2 mil pessoas nas cinco regiões do país pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (IPESPE). Esta edição do RADAR FEBRABAN mapeia vários aspectos, percepções e expectativas da população sobre itens que afetam a economia, como o endividamento, o uso do Pix e o Crédito Consignado, entre outros.
Ao serem perguntados se o Brasil estava melhor agora do que no ano passado, 37% dos moradores da região responderam que o país se encontrava em melhor situação. O resultado significa uma redução de 5% em relação à visão de julho passado. Outras regiões também registraram queda na avaliação positiva sobre o país – Norte teve decréscimo de 14 pontos percentuais; Nordeste, 12, e Sul, 7. O Sudeste foi a única região em que a percepção positiva cresceu (6 pontos percentuais).
Ainda em relação aos resultados do Centro-Oeste, 33% disseram que o país está igual em relação ao ano passado; 29% acreditam que o país piorou, enquanto 1% não souberam ou não quiseram responder
Na média nacional, 42% avaliaram que o país melhorou em relação a 2023, quatro pontos a menos que o registrado em julho. É praticamente estável o contingente que acha que o país está igual ao ano passado (32%, um ponto a mais que na onda anterior). Por sua vez, a percepção de piora sofreu variação de mais dois pontos, indo de 23% em julho para 25% em setembro. Considerado o horizonte de 12 meses, o movimento também é de recuo da percepção de melhoria.
A análise da pesquisa destaca que o Brasil vive “a pior seca dos últimos 70 anos, o que tem provocado ondas de calor, graves queimadas e ondas de fumaça em grande parte do país, afetando a saúde da população, os preços dos alimentos, a economia dos municípios, entre outros. Como os resultados do levantamento atual mostram, esse cenário afeta o humor da sociedade, a agenda de prioridades e a percepção sobre o país”.
Ainda segundo a pesquisa, a preocupação em relação ao país não impede o otimismo do brasileiro em relação à vida pessoal: 60% dos entrevistados na região acreditam que até o final de 2024 a vida pessoal e de sua família vão melhorar, enquanto 37% disseram que essa situação vai ficar igual ou piorar.
“O que explica o paradoxo, à primeira vista, entre a percepção do país e os sentimentos quanto à vida pessoal? A visão do país foi afetada pela repercussão da tragédia natural – seca severa e queimadas generalizadas – ao passo que a dinâmica da economia, com baixo desemprego e PIB em ascensão, leva as pessoas a serem otimistas na dimensão pessoal”, aponta o sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do IPESPE.