Terras para as famílias do campo

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Ezequiel Salomão 

As áreas rurais de Cuiabá precisam de políticas públicas eficazes, direcionadas para as famílias da agricultura familiar. Devemos reconhecer as raras as vezes, em que o poder executivo, ou seja, a prefeitura municipal realiza algum tipo de atendimento, em benefício a esse grupo de trabalhadores, ou seja, distribuindo alguns hectares de terras e entrega equipamentos e promove a fixação das famílias no campo.

Terras públicas são para aqueles que realmente precisam delas, mas não podem comprar. No entanto querem produzir seu próprio alimento e também para o restante da população. Dados do IBGE mostram com frequência, o grande número de agricultores que vão para as cidades, mas perdem seus empregos e sonham voltar para atividades no campo.

Se os poderes constituídos tivessem mais empenho pelas famílias rurais, elas teriam oportunidades de se sustentarem da própria produção e com certeza teriam mais dignidade, ao contrário de dividirem as dificuldades financeiras com a população das áreas urbanas, que também são vitimas da falta de comprometimento por políticas públicas que realmente melhorem a vida de todos os mato-grossenses.

O Brasil ouve que Mato Grosso é um estado rico, produtor de alimentos para o mundo, sendo um dos principais colaboradores para o fortalecimento do Produto Interno Bruto (PIB). A capital, Cuiabá, também ostenta o título de cidade rica e de prosperidade, com grandes investimentos. No entanto, a realidade é do um crescimento acelerado da pobreza, já alarmado com a famosa fila de distribuição de ossos da carne bovina para uma parte da população em situação de total vulnerabilidade.

Vamos continuar vendo a miséria aumentar entre a população menos favorecida na área urbana e também rural? As pessoas têm que sair das filas dos ossinhos e das cestas básicas. É uma situação humilhante para os pais de famílias, esperar por ajuda de esmolas e cestas básicas para comerem. A Associação Mato-grossense dos Trabalhadores Rurais da Agricultura Familiar (AMTRAF) ressalta e tem cobrado celeridade nos processos de distribuição de terras para os trabalhadores do campo, aos governantes nas esferas federal e estadual. Eles devem olhar com mais atenção para essas famílias e desenrolar o crédito fundiário em Mato Grosso, que é considerado o maior programa de emprego e renda que existe para o país, possibilidade de as famílias comprem a terra, com carência de três anos para começar a pagar.

Somos contra qualquer tipo de invasões de terras, isso nunca foi vontade e nem perfil do trabalhador rural. Programa de invasão zero é para aqueles que não respeitam a propriedade do outro. As famílias rurais não querem invadir terras dos outros, mas não abrem mão de adquirir seus imóveis rurais para plantar. Os governantes sabem que as terras devolutas, improdutivas de domínio do governo, podem ser destinadas aos trabalhadores do campo. Os Tribunais estão abarrotados de processos agrários, esperando decisões judiciais.

Existem várias áreas rurais devolutas esperando por decisão judicial, em Cuiabá, como é o caso da região do Coxipó do Ouro, que vai atender mais de 400 famílias da agricultura familiar. Além de outras regiões, em Várzea Grande para mais de 500 famílias, Santo Antônio de Leverger e Cáceres, onde mais de 1, 3 mil famílias aguardam desapropriações. Não cortamos cercas e nem entramos em áreas dos outros, estamos aguardando a justiça.

O poder público ainda é burocrático para aqueles que realmente precisam dele. Mais agilidade para destinar terras para as famílias do campo.

Ezequiel Salomão é presidente da Associação Mato-grossense dos Trabalhadores Rurais da Agricultura Familiar (AMTRAF) e Repórter Cinematográfico em MT.

 

 

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