Fabiana Ratti
O mês de setembro é lembrado pela prevenção ao suicídio, porém, todas as doenças que atingem a mente devem ser evidenciadas para que a informação chegue à população e ajude na qualidade de vida. O que pouco se fala é sobre o inconsciente e o papel que este desempenha no dia a dia, seja refletindo nas ações ou sentimentos das pessoas.
O inconsciente ainda é um mistério para a sociedade. Muito citado, mas pouco compreendido. São pensamentos, sentimentos, memórias, momentos esquecidos, sonhos, paixões e, as emoções mais profundas que afligem o ser humano. A explicação mais utilizada para compreender o inconsciente é a figura de um iceberg, em que a parte visível (consciente) é apenas a menor, enquanto o que está submerso (o inconsciente) é consideravelmente maior.
Dessa forma, é quase possível dizer que todo ser humano possui ‘duas mentes’, sendo uma mais racional e consciente de fato, além de uma escondida. Por essa razão, em inúmeras situações queremos estar bem, mas o nosso desejo não corresponde ao nosso estado interior. Pelo contrário, começamos a nos sentir mal, parecendo que não temos controle sobre a mente e os pensamentos.
No cotidiano, o inconsciente ainda pode se manifestar através de sonhos, atos falhos, lapsos e outras situações, porém, ainda que ele não se manifeste, ele acompanha todas as atitudes e emoções das pessoas. Mesmo não sendo perceptível ou visível como a parte submersa do iceberg, ele está lá!
Entre as principais características que cercam o inconsciente, estão:
- Local em que as ideias podem se substituir umas às outras com facilidade;
- É tido como um “cofre” de memórias em que ficam guardados inúmeros episódios da vida do indivíduo.
- A ligação com a realidade é subjetiva e totalmente singular a cada pessoa;
- Atemporalidade, as distinções temporais no inconsciente não existem, necessariamente.
Logo nos primeiros anos de vida, no aprendizado do relacionamento com os pais, as crianças começam a ter os sentidos explorados e o desenvolvimento do consciente. Ao longo do crescimento e com o passar de acontecimentos importantes que marcam as vidas individuais de cada um e vai marcando com experiências significativas o inconsciente.
A parte mais interessante na psicanálise é que, com o tempo, aprendemos a fazer uma conexão entre os sentimentos e as ações praticadas. Assim, não só compreendemos muitas coisas sobre o ser humano, como passamos a lidar melhor com o que não gostamos em nós e a explorar mais tudo o que amamos. Além disso, criamos os nossos limites para não cruzar “linhas” que podem gerar tanto sofrimento e canalizar para mais realizações.
Esse exercício psíquico é fundamental para construir um emocional mais fortalecido, na busca de uma mente saudável, sempre tendo o auxílio de profissionais nessa orientação, visto que exercem um papel importante nesse momento em que temos grande crescimento nos índices de ansiedade, casos de burnout e outras doenças psíquicas na sociedade.
Fabiana Ratti é psicanalista lacaniana