Patrícia Pillar Sguario
O brasileiro não fica sem carne vermelha. Quem não fica na expectativa de chegar o final de semana, reunir os amigos em torno de uma churrasqueira e queimar uma carninha, bem gordinha e claro tomar aquela bem gelaaaada? Infelizmente, esse hábito alimentar que não ocorre somente nos finais de semana, tem levado milhares de pessoas aos consultórios médicos devido aos índices de doenças cognitivas, entre outras enfermidades.
Não é parar de comer carne, mas diante de fatos já confirmados por diversos especialistas da saúde, o ideal é se adequar a uma forma de alimentação menos prejudicial à saúde humana. Caso a pessoa tenha algum problema de saúde originado pelo consumo exagerado de carne vermelha, a opção é uma dieta flexitariana que é focada em uma alimentação reduzida em alimentos de origem animal como as carnes vermelhas, peixes, ovos, aves, leites e derivados que são consumidos esporadicamente.
Então, a pessoa não deixa de comer carnes totalmente, mas passa a fazer uma redução significativa desse alimento. Outra alternativa é a dieta mediterrânea partindo para o consumo de carnes brancas, peixes, vegetais remetendo todos a um passado distante, onde os nossos antepassados que moravam em sítios, quando eles pescavam para se alimentar e criavam galinhas e não comiam carne bovina, salvo em casos específicos de festas com muitas pessoas reunidas.
Fora isso, a alimentação diária era à base de frango e peixes. Com o passar dos tempos a oferta de carne bovina cresceu e ficou atrativa e a possibilidade de ter esse alimento na mesa ficou mais viável, incluindo os valores de cada tipo de carne destinado para classes sociais diferenciadas. A classe menos favorecida compra carne mais barata, que comprovadamente, tem maior teor de gordura, hormônios e, em tese, preço que cabe no seu bolso.
Estudos recentes mostram que comer muita carne vermelha pode aumentar o risco de mal de Alzheimer. Um estudo da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, em pacientes com a doença, descobriu um aumento no nível de ferro no hipocampo, região do cérebro geralmente danificada nas fases iniciais da doença.
A carne vermelha é rica em ferro, encontrado apenas em alimentos de origem animal. O consumo de carne ainda favorece a absorção de ferro não heme, de origem vegetal. Por tudo isso, o alimento ajuda a prevenir e tratar problemas como a anemia. Mas devemos ficar alerta para a redução do consumo de carne vermelha no dia a dia devido a quantidade de gordura saturada, que em excesso, tem relação com o aumento do LDL, o colesterol “ruim”, que eleva o risco de doenças cardíacas.
Porém, de acordo com Aline Sobreira Bezerra, nutricionista, doutora em ciência e tecnologia de alimentos e professora da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria), o culpado pelo colesterol alto não é o consumo normal de carne no dia a dia e, sim, o excesso de gordura e de alimentos pouco saudáveis na dieta, além de outros hábitos ruins.
Comer a gordura da picanha de vez em quando não será um problema para quem regularmente pratica atividades físicas, consome muitas verduras, frutas e legumes e evita doces e produtos ultraprocessados.
O consumo exagerado da carne vermelha causa a inflamação de células e tem sido associado à neoplasia colorretal, conforme a literatura epidemiológica. O ideal é consumir a carne em quantidade adequada, sem exageros por uma vida de qualidade.
Patrícia Pillar Sguario é nutricionista e especialista no tratamento contra a obesidade em Cuiabá.