Mais de 130 famílias de catadores do lixão de Cuiabá receberam nesta segunda-feira (19), a doação de cestas básicas e brinquedos. A ação faz parte do projeto “Minha Vida não é um Lixo”, realizado há cinco anos no local e que visa proporcionar mais dignidade aos trabalhadores.
O projeto foi idealizado pelo ex-bancário Jorge Amadio Fernandes, que hoje é aposentado e todo mês entrega cestas básicas e palavras de acolhimento às famílias do lixão. “A nossa principal luta é dar dignidade a eles. Nosso papel é ajudá-los, pois desenvolvem um trabalho importante que muitas vezes não é reconhecido pela nossa sociedade”, destacou. Para esta missão, ele também conta com o apoio de sua esposa, Losinete Lopes, e de voluntários. “A gente traz lanche esporadicamente, mas durante os 12 meses do ano, nestes 5 anos, nós estivemos aqui trazendo as cestas, os lanches, ações de graça, brinquedos para as crianças no Dia das Crianças. É um olhar que a gente precisa ter, porque eles têm todas as necessidades – de alimentos, roupas, calçados, remédio, abraço. Hoje somos uma família e eu só tenho que agradecer a cada colaborador que participou e tornou esse projeto possível”, disse Losinete. Voluntária do projeto há um ano, por meio da Associação de Apoio aos Pacientes Oncológicos de Cuiabá (AAPOC), a vereadora Maysa Leão (Republicanos), participou das entregas e destacou a importância de um olhar humanizado aos catadores e suas famílias.
“Aprendi a compreender a conexão dessas famílias com o lixão, muitos estão na terceira geração de catadores. Essa é a profissão deles e a fazem com todo amor. Espero que na transição do fechamento do lixão para a adequação da destinação dos resíduos, eles não sejam esquecidos. Como vereadora, irei acompanhar de perto. Poder ajudá-los a ter um Natal melhor, é uma grande alegria”, ressaltou a vereadora. Fátima Casteli é voluntária desde o início do projeto e relatou como tem sido a experiência. “É uma satisfação muito grande. Agradeço a Deus por ter essa oportunidade de poder ajudar o próximo, trazer um pouco de amor e conforto, além de fazer um Natal mais feliz para essas pessoas que trabalham em condições tão difíceis”. Para quem recebe as doações fica a gratidão e esperança de dias melhores. “É uma ação maravilhosa. Na primeira vez que eles vieram, tinha gente que não tinha arroz para comer em casa. O projeto é lindo e sou muito grata por tudo o que fazem por nós”, relatou Jocimara Abadia, 29. Ela é catadora e cria os dois filhos com o dinheiro que recebe do trabalho no lixão. Thiago da Silva Duarte, 39, conhece de perto a realidade do lixão desde os seis anos de idade. Os pais trabalhavam no lixão e hoje ele lidera o grupo de catadores. A esposa e a sogra também trabalham com reciclagem. “Todo ano temos esse momento de alegria e alívio para as famílias. Essa ação é maravilhosa e ficamos felizes com as parcerias e adesão de mais pessoas que não medem esforços para ajudar. Um pouco para que não tem nada se torna bastante”.