Ainda hoje, quando se fala em cirurgia em um hospital, vem à mente a imagem de uma equipe médica fazendo cortes bastante invasivos em uma pessoa. Mas, à medida que a tecnologia está avançando na medicina, cada vez mais as operações são menores e menos traumáticas. Depois das cirurgias por vídeo, agora estão ocorrendo cirurgias robóticas em diversos hospitais.
Médicos experientes estão se capacitando para esta nova era em Mato Grosso. O cirurgião urologista Carlos Bouret participa de um treinamento para realizar cirurgias robóticas que deverão começar a ocorrer no Hospital Santa Rosa, em Cuiabá, ainda no primeiro semestre de 2023.
“Até há pouco tempo, eu não acreditava que pudesse ser disseminada tão rápido por causa do custo. Mas agora não tem volta, as cirurgias com robôs são uma realidade”, diz Bouret.
Cervantes Caporossi, diretor do hospital, explica que o robô auxilia para uma cirurgia minimamente invasiva. “O médico fará o ato operatório com pouca invasão, com assertiva maior, amplificação de imagem, pinças articuladas, e o robô será utilizado nas cirurgias em cavidades estreitas do corpo humano”, explica.
Mas há um longo caminho até um médico estar preparado para realizar estas cirurgias. Carlos Bouret conta que iniciou o treinamento neste ano, mesmo depois de muito tempo de experiência em cirurgias videolabaroscópicas. “São diversas etapas para a habilitação, como aulas e provas online, 40 horas de treinamento em simulador, acompanhar cirurgias, atuar como auxiliar, realizar cirurgias com um orientador habilitado, até poder realizá-las como cirurgião principal ”, conta.
A cirurgia mais realizada pelo robô é a de próstata, mas ele é capaz de realizar qualquer ato operatório que esteja em locais de difícil acesso. Bouret explica que a cirurgia robótica terá mais precisão e pode ser mais resolutiva. “A tecnologia oferece mais visibilidade para o urologista e mais conforto, já que o médico fica sentado operando as pinças que se movimentam como um punho humano”, afirma.
O especialista reforça a segurança deste tipo de cirurgia, mesmo com o médico estando sentado em frente ao console. “Por exemplo, se o cirurgião tira o rosto da posição correta, o robô trava. Se o movimento não está no algoritmo, o robô trava. E as pinças têm tração de até 70 quilos, necessitando destes mecanismos de segurança”.
Mais importante que isso é que haverá conforto para os pacientes que não precisarão mais sair do estado para realizar a cirurgia. “Até agora, os pacientes se submetiam à cirurgia em um hospital fora do estado, com um outro cirurgião, e tinham que voltar em avião ainda em recuperação. A partir do início das operações em Mato Grosso, certamente ela será mais utilizada”, afirma o urologista.
O Grupo Santa, do qual o Hospital Santa Rosa faz parte, já adquiriu a tecnologia em outros dois hospitais e, agora, realiza este investimento no estado. A vinda de uma tecnologia de ponta – será o primeiro robô a operar em Mato Grosso – fará com que diversas áreas do hospital se readequem e se modernizem para atender a demanda.
“Há muita coisa que vem na esteira desta inovação. Vamos ter um centro de treinamento, com simulador, a estrutura física está sendo adequada para comportar o robô, a central de esterilização terá que ser recondicionada, os profissionais médicos e da enfermagem estão sendo capacitados”, citou Cervantes.
“Para mim, Mato Grosso é um estado totalmente diferenciado e esperamos que a saúde acompanhe tudo o que está acontecendo na tecnologia do agronegócio, por exemplo, onde sempre estamos na vanguarda. Temos a obrigação de fazer isso e estarmos preparados para receber os pacientes que demandam este atendimento”, afirmou o diretor.