‘masculinidade frágil’ é o que pensam internautas sobre o Dia do Orgulho Hétero aprovado pela Câmara de Cuiabá
Deu no Extra
Após a aprovação em primeiro turno do Projeto de Lei que cria o Dia do Orgulho Hétero em Cuiabá dividir opiniões, a câmara de vereadores decidiu adiar a segunda votação, que ocorreria nesta quinta-feira, para fevereiro, no retorno do recesso parlamentar. A informação foi divulgada pela vereadora Edna Sampaio (PT), única a votar contra o PL de autoria do vereador Tenente Coronel Marcos Paccola (Cidadania). O projeto de lei, aprovado na terça-feira por 15 votos a 1, é visto como desnecssário por parte dos internautas, que aponta “masculinidade frágil” de defensores.
Em vídeo divulgado em seu perfil no Instagram, Paccola afirmou que criou o PL após o filho e os sobrinhos relatarem que para participar de determinados grupos na escola eles tinham que “beijar meninos e meninas”. O parlamentar ressaltou ainda que o forte ativismo LGBTQIA+ tem incentivado os jovens a terem um “comportamento bissexual” e causado uma desestruturação no “modelo conservador de família que está escrito na bíblia”.
— Eu não tenho nada contra, muito pelo contrário, tenho amigos, pessoas do meu convívio direto que são homossexuais. Mas não vejo o motivo pelo qual nós somos atacados ao ponto de estarmos ouvindo de crianças que eles não podem declarar o seu orgulho de ser heterossexual. Então vejo que esse parlamento tem sim que demonstrar pra todos que o respeito à liberdade e à opção sexual é a todo tipo de opção, inclusive a opção de ser heterossexual — declarou Paccola, que complementou:
— Você pode ter orgulho de ser lésbica, pode ter orgulho de ser gay, mas não pode ter orgulho de ser hétero. É assim que eles estão tentando fazer com que a imposição chegue em nossos filhos — concluiu.
Em reposta ao vereador, internautas se posicionaram contra e a favor da instituição do Dia do Orgulho Hétero. Um rapaz disse: “coragem viu, vai trabalhar pra ajudar as pessoas que estão dormindo na fila para comer osso”. Outro comentou: “Que masculinidade frágil, tenente!”. Entre os que defendem a ideia, os comentários foram de apoio a Paccola. “Ainda bem q (sic) existe gente como vc! Avante! Em prol da família”, escreveu um homem. Já uma mulher opinou que também tem orgulho de ser heterossexual, acrescentando que “princípios divinos jamais serão aniquilados”.
Rebatendo a proposta de lei, a vereadora Edna Sampaio definiu a medida como “vergonhosa” e afirmou que não há do que se orgulhar, já que o Brasil é o país que mais mata LGBTQIA+ no mundo.
— Quem sofre violência com sua orientação sexual? É a pessoa heterossexual? Quem é expulso da casa quando os pais e a família descobrem a sua orientação sexual? Quem pode ser abordado por violência na rua e até morto se encontrar alguém que odeia pessoas LGBTQIA+? Não são os héteros, gente. Nossa sociedade é uma sociedade violenta contra as pessoas LGBTQIA+, que aliás esse crime já está inscrito nas nossas leis. Mesmo assim, aqui na Câmara Municipal nós tivemos a capacidade de aprovar agora no final do ano um Dia do Orgulho Hétero, daqueles que deveriam ter responsabilidade sobre os corpos que são vitimados por serem LGBTQIA+ — defendeu.
A criação do “Dia do Orgulho Hétero”, previsto para o terceiro domingo de dezembro, garante o direito de todo cidadão afirmar o “orgulho em ser heterossexual”, de acordo com Paccola.