60 médicos estão afastados das atividades nas UTIs públicas de combate à Covid-19

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Em Mato Grosso, cerca de 60 médicos que atuam nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) dos hospitais da rede pública e privada que atendem casos de coronavírus estão afastados das funções e não podem atuar na linha de frente do combate à pandemia.

Os afastamentos são motivados por idade, doenças prévias, as chamadas comorbidades agravadoras da Covid-19, como diabetes e hipertensão, e também porque os profissionais acabam contaminados pela doença durante o exercício da função e devem ficar em isolamento.

“Também perdemos profissionais para a doença, que vieram à óbito. Esses afastamentos são muito ruins porque não podemos aproveitar a experiência profissional de muitos anos de trabalho que esses médicos têm e que são vitais para atuar nas UTIs, garantindo o maior índice de sobrevivência possível, porque são eles que têm a experiência clínica e o manejo na hora de atender o paciente”, explica a diretora do Hospital Estadual Santa Casa, Patrícia Neves.

Ela considera que a atuação na Terapia Intensiva deve ser muito rápida, pois a situação do paciente pode ter alterações de uma hora para outra, e a experiência médica pode fazer toda a diferença, por se tratar de uma doença ainda pouco conhecida.

“É uma doença sistêmica e que pode acabar desencadeando outras doenças. Tivemos paciente que sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC), mas que foi causado pela Covid-19. Daí a importância de um clínico com experiência, porque vai ser essa expertise, essa vivência do profissional, que vai ajudar a detectar outros problemas de forma mais rápida”, assevera Patrícia.

Dificuldade de contratação

Outro ponto que agrava a situação para manutenção dos leitos de UTI é a dificuldade de contratação de profissionais para a área da saúde como um todo. O Governo do Estado lançou edital para contratação de 751 profissionais para diversas áreas de atuação na saúde e aumentou o valor pago por plantões para tentar atrair médicos, enfermeiros e outros profissionais.

“Essa dificuldade em conseguir contratar se dá primeiro por uma situação de pânico pelo que é a doença e como ela é enfrentada. Outro agravante é que muitos profissionais estão atuando em diversos lugares, atendendo em mais de uma unidade”, conta Patrícia, que acredita que a situação deva ficar ainda mais grave com o passar dos dias, não apenas em relação aos médicos, mas com todos os profissionais de uma forma geral.

A diretora da Santa Casa exemplifica com a dificuldade para encontrar técnicos de enfermagem, área que possui número reduzido de profissionais no mercado. “Estamos articulando uma forma para que os enfermeiros assumam essa linha de frente, assim como já é feito em diversos países”.

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