Um estudo que apresenta novas descobertas de fósseis de dinossauros saurópodes, grandes herbívoros que viveram em Chapada dos Guimarães há 84 milhões de anos, foi concluído este ano e contou com participação do Museu de História Natural Casa Dom Aquino, equipamento da Secretaria de Estado de Cultura, Esporte e Lazer (Secel).
Foram dez anos de pesquisa, e hoje os 58 fósseis encontrados integram a exposição permanente e a reserva técnica do Museu. Os fósseis encontrados pertenciam a dinossauros conhecidos como titanossauros, encontrados no período Cretáceo.
“Há 84 milhões de anos, existiu um vulcanismo em Chapada dos Guimarães, as rochas que guardam esses fósseis foram depositadas sobre essas rochas vulcânicas, por isso podemos dizer que esses animais possuem idade entre 84 e 65 milhões de anos, quando ocorreu a extinção dos dinossauros”, explica Caiubi Kuhn, geólogo e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
O trabalho foi desenvolvido em parceria que envolveu paleontólogos, pesquisadores e colaboradores do Museu de História Natural Casa Dom Aquino, Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), da Universidade Federal de Goiás (UFG) e Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
A pesquisa começou em 2010 por iniciativa do Instituto Ecossistemas e Populações Tradicionais (Ecoss), que fez a coleta do material em campo e firmou as parcerias para descrição dos fósseis. O Ecoss é a instituição responsável pela gestão compartilhada do Museu de História Natural Casa Dom Aquino junto com a Secel.
“A coleção de fósseis de dinossauros é proveniente de trabalhos de pesquisa do Museu de História Natural Casa Dom Aquino, que envolveu excursões e entrevistas com moradores, ao longo de mais de dez anos, e o resultado permitiu proporcionar avanços científicos e a popularizar a ciência na região”, destaca a curadora do Museu, Suzana Hirooka.
Também foram considerados trabalhos de campo e descrições de materiais realizados no Laboratório de Paleontologia e Evolução da Universidade Federal de Goiás.
Hirooka explica que os resultados da pesquisa permitiram que os cientistas confirmassem teorias sobre a distribuição dos saurópodes para a região, que hoje é o centro da América do Sul.
“A descoberta é importante para a valorização do patrimônio geológico e paleontológico da comunidade Jangada e do estado do Mato Grosso. Durante a coleta foi possível observar uma grande concentração fossilífera no local, mostrando que a região tem um grande potencial para novas pesquisas paleontológicas”.
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Conforme a pesquisadora Lívia Motta Gil (UFG), que realizou seus estudos de mestrado com os materiais da região, um dos pontos mais interessantes é o fato de existir uma variação na morfologia entre as espécies que foram descritas, o que indica a existência de pelo menos dois indivíduos diferentes para o local de estudo.
Ela comenta que, com essas novas descobertas e com as informações que já eram conhecidas para a região, é possível dizer que o Centro-Oeste brasileiro foi habitado por pelo menos quatro tipos diferentes de titanossauros, revelando que existia uma alta diversidade desses animais para o local, durante o Cretáceo.
No mês de abril deste ano, a pesquisa foi publicada na revista científica Journal of South American Earth Science. Confira aqui.
Serviço
O atendimento ao público no Museu de História Natural Casa Dom Aquino está suspenso devido às medidas de enfrentamento à pandemia do coronavírus. Mas o espaço cultural tem oferecido conteúdo nas mídias sociais, inclusive com vídeos de visitas virtuais, para que a população possa ter acesso ao Museu neste período.