Diego Saporski
Com o fim dos likes anunciados e concretizados pelo Facebook, que controla o Instagram, a turma do “troco likes” viu o seu mundo desmoronar e o que era fonte de renda pode tornar-se mais complicado do que uma simples selfie bonita.
Países como o Brasil, Irlanda, Itália, Japão, Austrália e Nova Zelândia não têm mais expostos os likes de seus posts, agora só o dono da conta consegue visualizar a quantidade. A justificativa da empresa é pôr fim nas competições e dar ênfase em melhores histórias.
O que muda na vida das pessoas que ganham dinheiro com a rede social? Nada. Ferramentas que fazem de fato o influenciador vender seu negócio nunca foram disponíveis para o público geral, tais como alcance da conta, total de vezes que seu perfil foi visto, entre outras, nunca estiveram visíveis para o usuário comum. Outro quesito exigido por grande parte das empresas que contratam um influenciador é o media kit, que disponibiliza algumas destas informações, e que também ninguém vê, somente o dono da conta.
O que muda mesmo com o fim dos likes é a competição que sempre foi a alma do negócio e alimentava uma comparação, sim, que fez com que o instagram se tornasse essa ferramenta poderosa e capaz de formar e destruir personalidades. Pois, ora, quem nunca comparou suas curtidas com a do seu colega? Quem nunca se espelhou num look que aparecia no seu feed? Pessoas se tornaram profissionais em cima das likes, diversas profissões foram alavancadas pelo número de curtidas. Recém formados, profissionais no inicio de carreira venderam seu negócio nas redes e, com certeza, a quantidade de curtidas sempre chamou a atenção.
Este é sem dúvidas o momento certo para a mudança. O momento de questionar até onde a autoestima digital pode te levar. Lendo sobre o assunto, deparamos com uma diversidade de problemas que as redes sociais causam na vida das pessoas. Uma nova síndrome chamada FOMO (sigla para Fear of missing out ,ou “medo de estar perdendo algo”), que é a angústia e a ansiedade que sentimos diante da perfeição de viagens, de relacionamentos, de comidas e tudo mais que parece incrível nas redes, e que só a gente não tem.
Os conteúdos terão que ir além destas viagens, paisagens e comidas, agora teremos que nos preocupar em ler e não em curtir apenas o que é belo. Nem tudo que tem curtida tem qualidade. Vamos sentir saudades, das competições e da busca pelos likes, mais talvez seja somente por um tempo, talvez seja para que possamos nos reeducar, e pôr fim, voltar a saber quantas likes você teve no seu último post.
Diego Saporski é jornalista, social mídia e bacharel em direito