Por que fechar a MTI?

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João Figueiredo

Em 45 anos de atividade, a Empresa Mato-grossense de Tecnologia da Informação (MTI) tem sido o instrumento do estado de Mato Grosso para alcançar as melhores soluções nas áreas da tecnologia da informação. Sua missão é contribuir através da inovação tecnológica para a melhoria de vida do cidadão, o que tem sido desacelerado por conta de erros administrativos dos últimos governos de que deixaram a MTI fora de suas metas prioritárias.
A empresa atende cerca de 174 clientes nas esferas estadual, municipal e federal e ainda nos três poderes. Com seus servidores cedidos para mais de 21 órgãos, a MTI tem atuação direta nos resultados destes clientes. Só para a Secretaria de Fazenda, por exemplo, gerenciamos diversos sistemas, entre eles: Nota Fiscal Eletrônica, Conhecimento de Transporte Eletrônico, Nota Fiscal de Consumidor Eletrônica, Arrecadação, Certidão Negativa de Débito integrada SEFAZ/PGE, Conta Corrente Fiscal, Índice de Participação de Município, IPVA, etc.
Atualmente, a MTI mantém cerca de 60 Sistemas Corporativos e Críticos, como por exemplo o MT Cidadão, FIPLAN MT, Obras, Dívida Pública, convênios, DetranNet, Totem-Detran, Vistoria Eletrônica, Talonário Eletrônico, Leilão Detran, o Sistema de Protocolo, Sistema de Aquisições, Sistema de Vigilância Animal, Vegetal e Madeira, além dos sites/portais destes órgãos.
Ainda em sua estrutura tecnológica, são mantidos mais de mil servidores virtuais e físicos, 260 aplicações e 60 km de fibras óticas. Atendemos cerca de 20 mil chamados de serviços e mais de 4 mil chamadas de software por ano.
Entregamos muitos resultados. Mesmo assim, o atual governador, recém-empossado, Mauro Mendes, decidiu pelo fechamento da MTI sem ouvir seus funcionários/servidores. Ora, se os resultados não agradam a atual gestão em suas primeiras e rasas análises, já que não teve tempo hábil para acompanhar todo o processo, talvez isso se deva a falta de definição de prioridades de seu antecessor que não priorizou o Sistema de Tecnologia do Estado. Então, antes de fazer críticas, o novo governo precisa avaliar os serviços a fundo para ter certeza da qualidade ou precariedade dos mesmos, isso após priorizar a tecnologia estadual.
Em Mato Grosso, há inúmeras leis que tratam da política de Tecnologia da Informação. Contudo, o não funcionamento do Sistema Estadual de Tecnologia, que atribui para a Secretaria de Planejamento (Seplan) a gestão da tecnologia e para a Secretaria de Gestão a aquisição de equipamentos e serviços deixando para a MTI a responsabilidade de operacionalizar os sistemas e a infraestrutura corporativas do Governo, têm trazido prejuízos.
Não podemos concordar com a fala precipitada do governador em entrevista para uma rádio da Capital onde, baseado em frios dados obtidos durante a transição de governo, sem a participação da empresa, tomando a decisão de interromper as atividades da MTI apenas cinco dias após sua de sua posse.
Sabendo das dificuldades financeiras do estado, implantamos, inclusive, o Plano de Demissão Voluntária (PDV) para diminuição da folha a curto e médio prazo. A MTI foi a primeira a ter esta atitude: fez todo estudo e estruturação e o implantou em Dezembro/18. Já contamos com a adesão de cerca de 80 empregados (20% do quadro). Agora, nosso projeto está sendo replicado para todas as demais empresas, inclusive para administração direta. Mesmo assim, a MTI não é reconhecida pelo atual governo.
Mauro Mendes diz que “o estado precisa de modelos de prestação de serviços eficientes e inteligentes”. Com a nova lei das estatais, será a primeira vez que as empresas públicas terão a oportunidade de ter uma atuação como empresa de verdade. Até então, era muito difícil uma empresa pública ter essa agilidade e flexibilidade de executar seus serviços. Inclusive, este modelo favorece a entrada de nova receita para o Governo.
Refutamos a atitude do governador e já protocolamos documento junto à Casa Civil mostrando que os trabalhadores da MTI estão à disposição para enfrentar novos desafios agregando valor à nova gestão. Podemos afirmar que Mato Grosso já possui um modelo de prestação de serviços eficiente e inteligente, mas não sabemos a real intenção desta decisão do governador em extinguir nossa empresa repassando nossos serviços a inciativa privada.
Podemos contribuir para o melhor funcionamento do estado garantindo segurança de dados e informações através de soluções inovadoras em tecnologia. Portanto, confirmamos a viabilidade da nossa empresa.
* João Figueiredo – Presidente Sindicato dos Trabalhadores em Empresas e Órgãos Públicos e Privados de Processamento de Dados, Serviços de Informática Similares e Profissionais de Processamento de Dados do Estado de Mato Grosso (SINDPD).

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