A culpa é minha e sua

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Em outros lugares do Brasil a população descobriu maneiras de fazer com que as coisas públicas locais andem, de fazer com que obedeçam às reivindicações da maioria. A apatia em Cuiabá a tantos casos chega a ser incompressível. Aqui o tempo passa e tudo continua como sempre esteve.

 

Não é apontar dedo para esta ou aquela administração, agora ou no passado. Fulanizar empobrece o argumento. O apontar de dedo tem que ser sobre nosso comportamento. Antes, como agora, só ficamos reclamando pelos cantos da cidade.

 

Não é um fato associado somente ao passado. A população local cresceu quase mil por cento nos últimos 50 anos. Tem-se grande número de gentes de fora, que, como no passado, não reagem para fazer as coisas andarem como deveriam.

 

Como é que pode, como primeiro exemplo, ter um gasoduto de 645 km da Bolívia a Cuiabá e não tem gás? Depende de Brasília? Por que, diabos, não temos força para fazer com que assunto desse porte se resolva? Campo Grande recebe gás para indústrias. Aqui necas. E ninguém fala nada.

O Hospital Júlio Muller, na estrada de Santo Antônio, construíram 10% e “descobriram” que a obra estava num banhado. Um hospital para mais de 300 leitos, com 80 milhões de reais ainda depositados em conta da UFMT. E eu e você aceitamos como se fosse tudo normal.

 

Tem um voo programado entre Cuiabá e Santa Cruz de la Sierra que mudam a data da inauguração a cada vento que sopra. Campo Grande, outra vez, tem o voo e lá a Receita Federal e a Policia Federal resolveram o assunto. Aqui não se resolve e você, como eu, não falamos nada.

 

O estádio de futebol já é motivo de chacota nacional. Cadê os COTs? Aqueles miniestádios que deveriam estar prontos para a Copa de 2014. O da UFMT ainda vai sair porque ali assumiram. Cadê o de VG?

 

Falar no VLT e em transporte coletivo urbano é ser trouxa mais uma vez. Cuiabá, em saneamento, está na vexatória posição 67 entre as cem maiores cidades do país e eu e você não conseguimos fazer andar nada.

 

Dá até para ir a outra cidade, Cáceres, para falar na ZPE, paralisada também. Obra que poderia dar impulso à agroindústria no estado.  Fica tudo por isso mesmo.

 

Ao fazermos piadas pelos cantos da cidade sobre esses assuntos, achamos que estamos fazendo alguma coisa. Quem deveria ouvir, empresários de obras públicas, políticos e os intermediários, no passado ou agora, sempre se lixaram. Não encontramos, como outros lugares encontraram, uma maneira de fazer com que assuntos de interesses coletivos se resolvam

 

E para piorar, os mais jovens da cidade, que precisam criar um clima novo para cobranças, podem está sendo contaminados pelos mais antigos, como eu e você, a não fazerem nada. A aceitarem a eterna empulhação de obras, atos e ações que ocorrem nesta cidade do Bom Jesus de Cuiabá.

 

ALFREDO DA MOTA MENEZES é analista político.

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